terça-feira, 29 de outubro de 2013

Células tronco embrionárias - Pesquisa



Células-tronco embrionárias são geradas de organismos vivos adultos

Jornal GGN – Uma equipe de cientistas do CNIO (Centro de Pesquisa Nacional do Câncer) tornou-se pioneira no trabalho de fazer com que células adultas, extraídas de um organismo vivo durante o processo de desenvolvimento evolutivo, voltassem às características das células-tronco embrionárias. Segundo os cientistas, as células-tronco obtidas no processo têm maior potencial de diversidade para se tornarem outras células do corpo do que as habituais células-tronco feitas em laboratório. E mais: o “estado primitivo” dessas novas células jamais foi obtido em laboratório.

O trabalho de pesquisa representa um importante avanço no campo, uma vez que as células-tronco embrionárias têm recebido muita atenção de pesquisadores por seu potencial na medicina regenerativa. Essas células são as únicos capazes de gerar qualquer tipo de célula entre as centenas de tipos possíveis em um organismo adulto. Com os novos resultados, os pesquisadores esperam obter avanços para a cura de doenças como Alzheimer, mal de Parkinson e diabetes. Esse tipo de célula, contudo, tem uma vida útil muito curta, limitada aos primeiros dias de desenvolvimento embrionário, que não ocorre em qualquer parte de um organismo adulto.

Em 2006, cientistas também conseguiram criar células-tronco embrionárias em laboratório a partir de células adultas, utilizando apenas quatro genes. O resultado da pesquisa rendeu ao cientista Shinya Yamanaka o Prêmio Nobel de Medicina em 2012, já que a pesquisa abriu um novo horizonte na medicina regenerativa. No CNIO, os cientistas conseguiram repetir o feito do pesquisador, mas, desta vez, diretamente em organismos vivos (ratos), sem a necessidade de fazer culturas in vitro.

Manipulação genética

O feito foi possível pelo uso de técnicas de manipulação genética. Os pesquisadores criaram camundongos em que os quatro genes usados na pesquisa de Yamanaka poderiam ser ativados à vontade. Quando os genes foram ativados, os pesquisadores notaram que as células adultas foram capazes de recuar em seu desenvolvimento evolutivo para se tornarem células estaminais embrionárias em vários tecidos e órgãos. “Essa mudança de direção no desenvolvimento nunca foi observada na natureza. Nós demonstramos que também podemos obter células-tronco embrionárias em organismos adultos e não apenas em laboratório”, afirma María Abad, uma das pesquisadoras envolvidas no trabalho.

As células-tronco obtidas nos ratos também apresentaram características nunca vistas em células semelhantes geradas em laboratório, como o fato do desenvolvimento mais rápido. Todas as características presentes em um embrião humano no estágio de 72 horas de desenvolvimento, quando são compostas de apenas 16 células, eram observadas nas células-troncos geradas nos ratos. O resultado mostrou avanços consideráveis em relação à técnica desenvolvida por Yamanaka.

Regeneração

“Esses dados nos dizem que nossas células-tronco são muito mais versáteis do que as geradas por Yamanaka em laboratório, cuja potência gera as diferentes camadas do embrião, mas nunca os tecidos que sustentam o desenvolvimento de um novo embrião, como a placenta”, diz Manuel Serrano, outro envolvido na pesquisa. Os pesquisadores reconhecem que embora possíveis aplicações terapêuticas ainda estejam distantes da realidade, o resultado pode significar uma mudança de direção na pesquisa com células-tronco, para a medicina regenerativa ou para engenharia de tecidos.

“Nossas células-tronco também podem sobreviver fora de ratos, em uma cultura, por isso também podemos manipulá-las em laboratório. O próximo passo é estudar se essas novas células-tronco são capazes de gerar de forma eficiente diferentes tecidos tais como o do pâncreas, fígado ou rim”, finaliza María Abad.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Translate